Encostado à parede da Junta de Alistamento Militar, o jovem Robes Pierre dos Santos, de 17 anos, aguarda ser chamado. Ele espera para receber a informação sobre quando terá de se apresentar ao Exército. A apresentação é apenas o primeiro passo de um processo que inclui testes, exames e que pode resultar em uma incorporação, com pelo menos 10 meses de muito trabalho e esforços, submetido à disciplina rigorosa e à hierarquia rígida das Forças Armadas.
Porém a tensão do jovem não diz respeito a qualquer temor em relação aos quarteis. Robes Pierre, na verdade, sonha com isso. “Quero ficar, me engajar, seguir carreira”, diz o adolescente. Filho de um cabo da Aeronáutica, ele resistiu aos apelos paternos e decidiu trilhar caminho no Exército. Sabe perfeitamente que enfrentará dificuldades e um salário inicial baixo, mas tem certeza do futuro como militar.
Todos devem se alistar no Exército e só a partir daí é que podem seguir para outras forças
Assim como Robes Pierre, muitos dos 30 mil jovens na faixa dos 18 anos de idade, que se alistam anualmente no Rio Grande do Norte, já não veem o serviço militar como uma ameaça, mas sim como alternativa de vida profissional. Hoje, com exceção de áreas específicas, como a de Medicina, praticamente 100% dos recrutas incorporados pelas Forças Armadas são voluntários e a imagem do “jovem recrutado à força” se tornou coisa do passado.
Na Junta, há os que não pretendem se incorporar, mas esses mantêm em silêncio o desejo reprimido e sabem que diante de uma concorrência em torno de dez candidatos por vaga, é difícil ser escolhido sem querer. Fácil mesmo é ouvir histórias dos que pensam em seguir carreira. “Quero ficar. Se me chamarem vou na hora”, diz José Moisés de Sousa, 17. Ele e os demais jovens nascidos em 1993 têm de se alistar até 30 de abril, se quiserem participar da seleção este ano para ingresso em 2012, ou até o final de junho, para a seleção no próximo ano, com possível incorporação em 2013.
Atualmente, todos os jovens se apresentam ao Exército, de onde podem ser encaminhados para a seleção na Aeronáutica e na Marinha, se assim preferirem. Quem não comparecer aos locais de alistamento ficará em dívida com o serviço militar, sendo impedido, por exemplo, de participar de concursos ou obter passaportes, até regularizar a situação.
O medo dessas punições, contudo, não é o que motiva jovens como José Moisés e Robes Pierre. Esse último, aliás, já conhece muito da “vida na caserna” e não teme as dificuldades que serão enfrentadas. Ele acredita, inclusive, que só terá a ganhar em sua formação pessoal e profissional, além dos amigos que fará nos quarteis. “Quero mesmo seguir carreira militar, estou até estudando agora para o concurso dos Fuzileiros Navais”, acrescenta.
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