Não Imagino como terá sido ontem, o Sábado de Aleluia. Sei que já não tem a irreverência de antigamente. A malhação do Judas, o “roubo” de galinha para ser comida após meia-noite da Sexta-Feira Santa. Um bom vinho, mesmo que fosse o Imperial, fabricado não me desperta a memória para lembrar onde, a farinha feita farofa com a banha da própria galinha “roubada”.
Não sei se Meroveu Pacheco, hoje professor aposentado da UFRN, mas em plena atividade como presidente do “Senadinho”, que se reúne de domingo a domingo, todos os dias à tarde, ainda se lembra de “Jasmim”, um borrego que “roubamos” numa fazenda na Reta Tabajara e o escondemos na casa do pai dele, o Desembargador Virgílio Dantas, com direito a vigia, quando descobrimos que uma outra turma, comandada por Joca Mota, do Curtume São Francisco, queria nos roubar o borrego.
Não vou ao arquivo da Tribuna. Não me dou a essa pachorra. No que a memória ajudar, tudo bem. A nossa turma obedecia ao comando de Érico Hacradt, um cara sensacional. Integravam a nossa turma, entre outros, Ítalo Pinheiro, mais tarde desembargador, Hênio Melo, irmão do nosso Murilinho, da Academia Brasileira de Letras, Meroveu Dantas, Geraldo Melo e os irmãos Hebert e Eider Moura. Numa crônica que escrevi para a Tribuna, narrei o que chamei de “Odisséia de Jasmim”.
Por algumas noites, íamos pelas bandas de Macaíba, atrás de um borrego para a Semana Santa. Numa dessas noites, esticamos até a Reta Tabajara, quando, atravessando a estrada, na época de piçarro, surgiu um borrego. Não me lembro quem se esborrachou todo para pegá-lo, logo ajudado pelos companheiros. Eu, como dono do Jeep, fiquei de motor ligado para qualquer emergência. Trouxemos “Jasmim” para Natal.
A turma do Joca Mota era a turma mais bem nutrida. Uma noite, roubaram “Jasmim”. Descobrimos quem foi e decidimos: Não vamos brigar. Vamos comê-lo sem despesa para qualquer um de nós. Será a nossa vingança. E realmente, no Sábado de Aleluia, chegamos ao Curtume onde “Jasmim” estava sendo assado e fomos logo anunciando “somos da paz”. E Joca nos acolheu com a mesma alegria, nos saudando: “Salve, Salve”. A brincadeira rolou até quase noite. Alegria geral.
Hoje? Aliás, ontem? Tomara que os colegas da redação tenham descoberto algum Judas sendo malhado, embora eu não acredite que tenha sido com a mesma irreverência, a mesma picardia e a mesma inocência de antigamente. A propósito, se estava “escrito” que Judas estava destinado a vender Jesus Cristo, como condená-lo?
O ato de trair já foi uma condenação para sempre. Judas apenas cumpriu as sagradas escrituras.
Mas Judas é Judas. Malhação nele.
Por Agnelo Alves
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