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domingo, abril 24, 2011

Um ídolo esquecido

Hoje aos 42 anos de idade, Luís Antônio Gomes da Silva mora em um rua de barro próximo ao esquecido "Alçapão do Touro", estádio do São Gonçalo Futebol Clube, município de São Gonçalo do Amarante. Gito, ex-zagueiro e ídolo do América, mas desconhecido por muitos na comunidade onde mora, leva uma vida simples e tranquila, bem diferente de aproximadamente 15 anos atrás, tempo em que ainda jogava pelo seu clube do coração. O "cara" do América nos anos de 1996 a 1998 hoje em dia é mais um ídolo esquecido do futebol potiguar, uma triste realidade presente no esportes mais amado dos brasileiros e que pode ser notada desde sua existência no Brasil.

Não há quem não lembre. Com a camisa do América, o zagueiro artilheiro conseguiu juntamente com Moura e companhia o vice-campeonato brasileiro da 2ª Divisão em 1996, feito que levou o time rubro à elite do futebol nacional. Os dois anos seguintes jamais seriam apagados da história do clube e em ambos Gito se fazia presente comoum dos comandantes das campanhas do time na Série A de 1997 e na conquista do Campeonato do Nordeste em 1998. No pôster do maior título da história do clube não há a foto, nem o nome de Gito: ele havia sido negociado com o Goiás e não participou justamente do último jogo, contra o Vitória-BA, vencido pelo América pelo placar de 3 a 1 no Machadão.
Do Goiás o zagueiro ainda teve passagens pelo futebol do interior paulista, Paysandu-PA, Fortaleza-CE, Botafogo-PB, Nacional de Patos, pelo próprio América em 2003 e encerrou sua carreira em 2006, com a camisa do Santa Cruz-RN. Em dificuldades, foi chamado para trabalhar nas categorias de base do América pelo então presidente Eduardo Rocha. O reconhecimento e a confiança que recebeu da diretoria foi uma das maiores alegrias para Gito, que viu então a oportunidade de passar um pouco do que sabia para os futuros ídolos americanos. A grande "decepção" do ex-atleta, porém, não demorou muito para acontecer. "Logo quando Zé Maria (José Maria Figueiredo, sucessor presidencial de Eduardo Rocha) assumiu, a primeira coisa que ele fez foi me botar para fora", conta. "Eu nunca esperava isso dele. Até porque nós trabalhamos juntos em 96 e 97 nas grandes campanhas que o América fez", comenta.
Depois que passou pelos portões do Centro de Treinamento Abílio de Medeiros, em Parnamirim, onde trabalhava, Gito conta que nunca mais teve contato com o clube. Não vai mais aos jogos, não acompanha tanto o noticiário como antes, tampouco foi procurado por alguém ligado ao América. Hoje, mesmo com a aparente vida simples, ele conta que não enfrenta dificuldades financeiras, mas carece de reconhecimento. Questionado se para ele seria mais importante uma ajuda de custo ou uma homenagem antes de um jogo decisivo em plano Machadão lotado pela torcida do América, Gito não pensou duas vezes: "Claro que seria a homenagem".
Mesmo ainda se dizendo torcedor do Dragão, Gito não esconde a decepção com o clube. "A gente fica decepcionado, claro. Em cheguei no América em 1988. A gente nasceu e se criou lá.Foram 13 anos defendendo as cores do América", ressalta. "Eu tive uma história no América, tive uma vida no América e o América nunca fez nada, nem uma homenagem a mim", salienta. "A gente fica machucado com isso", diz lembrando dos outros jogadores que já "deram tudo" pelo futebol e hoje também estão esquecido pelos clubes.
Títulos pelo américa
Bicampeão Potiguar - 1988/89
Bicampeão Potiguar - 1991/92
Campeão Potiguar - 1996
Vice-Campeão Brasileiro Série B - 1996
Campeão do Nordeste - 1998
Zagueiro artilheiro
Gito pode ser considerado como o maior zagueiro-artilheiro do futebol potiguar de todos os tempos. Com um chute potente de perna esquerda, cuja velocidade chegava a 100km, ele marcou 47 gols em 12 anos de América.
Resumo por competição
24 gols - Estadual
09 gols - Série A
09 gols - Série B
02 gols - Copa do Nordeste
02 gols - Amistosos
01 gol - Seletiva Série C
Total de gols: 47

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